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Instruções para o uso de Reich

  • Writer: Tomás Rosa Bueno
    Tomás Rosa Bueno
  • May 16, 2019
  • 11 min read

Updated: Jan 26, 2022

Reich - Instruções de uso

A coisa contém na sua segunda parte, em forma extrordinariamente densa, mas relativamente popular, não poucas novidades que antecipam o meu livro(1), ao mesmo tempo em que passa necessariamente por cima de muitas outras. Achas conveniente antecipar assim esse tipo de assunto? Marx a Engels, 24 de junho de 1865


I. A noção de caráter segundo Reich


Para encontrar o amor em Paris, deve-se descer até as classes nas quais a ausência de educação e de vaidade e a luta com as verdadeiras necessidades deixaram mais energia. Deixar-se ver com um grande desejo não satisfeito é deixar-se ver como inferior, coisa impossível na França, a não ser para aqueles que estão abaixo de tudo…donde os louvores exagerados às moças na boca dos moços que temem o coração delas. Stendhal, Do Amor

Em virtude da luta prática contra as resistências na análise, Reich chegou com total coerência a conceber o caráter (a neurose caracterial) como a própria forma dessas resistências(2).

Ao contrário do sintoma, que deve ser visto como uma produção e uma concentração do caráter e que é sentido como um corpo estranho e causa uma impressão de doença, o caráter está organicamente encrustado na personalidade. O fato de a consciência da doença estar ausente é um sinal fundamental da neurose caracterial, o que explica que essa degradação da individualidade só pudesse aparecer no decurso de uma tentativa de comunicação, a própria técnica analítica, que, por mais unilateral que fosse, viria rapidamente a revelar o caráter tal qual é: uma defesa contra a comunicação, uma falha da faculdade de encontro. É o preço que se paga à função primeira do caráter, que é a defesa contra a angústia(3). Não é preciso estendermo-nos aqui sobre as origens da angústia, sobre suas causas e sobre a permanência destas. Digamos apenas que a forma particular do caráter é uma dobra feita antes do décimo ano de idade, o que não deve ser uma surpresa para ninguém.


A discreção dessa disposição explica a sua falta de reconhecimento como flagelo social e também sua eficácia duradoura. Essa disposição produz indivíduos degradados, tão desprovidos de inteligência, sociabilidade e sexualidade quanto possível e, por conseguinte, verdadeiramente independentes uns dos outros, o que é ideal para o melhor funcionamento do sistema automático da circulação de mercadorias. A energia que o indivíduo pode empregar para reconhecer e ser reconhecido está ligada  no caráter, ou seja, é empregada para neutralizar a si própria.

Em todas as sociedades nas quais reinam as condições modernas de produção, a impossibilidade de viver assume individualmente a forma da morte, da loucura ou do caráter. Com o intrépido doutor Reich, e contra os seus recuperadores e detratores horrorizados, postulamos a natureza patológica de todo traço de caráter, isto é, de toda cronicidade no comportamento humano. O que nos interessa não é a estrutura individual do nosso caráter, nem a explicação de sua formação, é a impossibilidade da sua aplicação na construção de situações. O caráter, portanto, não é uma simples excrescência doentia que possa ser tratada separadamente, mas que ao mesmo tempo é um remédio individual em uma sociedade globalmente doente, remédio que permite suportar o mal agravando-o. As pessoas são em grande medida cúmplices do espetáculo reinante. O caráter é a forma dessa cumplicidade.


Sustentamos que as pessoas só podem dissolver seu próprio caráter contestando a sociedade inteira (e isto contra Reich quando ele aborda a análise do caráter de um ponto de vista especializado), ao mesmo tempo em que, sendo a função do caráter acomodar-se ao estado de coisas, sua dissolução é um preâmbulo à crítica global da sociedade. É preciso arruinar essa circularidade.

A contestação global começa com a crítica em atos do trabalho assalariado(4), segundo um princípio básico fora de discussão: "Não trabalhar nunca". As qualidades de aventura absolutamente necessárias para tal empreendimento excluem o caráter. O caráter é a ruina dessas qualidades. O problema da contestação da sociedade inteira é, portanto, também o problema da dissolução do caráter.



II. Sua aplicação ao efeito de espetáculo


Os conceitos mais importantes e verdadeiros da época são medidos precisamente pela organização sobre eles da maior confusão e dos piores contrassensos. [...] Os conceitos vitais encontram ao mesmo tempo os empregos mais verdadeiros e mais mentirosos (...) porque a luta entre a realidade crítica e o espetáculo apologético conduz a uma luta sobre as palavras. (...) Não é a purga autoritária, é a coerência do seu emprego, na teoria e na vida prática, que revela a verdade de um conceito. Revista Internationale Situationniste número 10, março de 1966 . Público: relativo a todo um povo. Publicidade: notoriedade pública, caráter do que é feito em presença do público, estado do que pertence ao público Larousse du XXe siècle



A publicidade da miséria não se distingue da ideia da sua supressão(5). É assim que o espírito vem aos homens (e às mulheres). A miséria é sempre miséria de publicidade. É portanto preciso procurar as razões da persistência da miséria naquilo que causa a miséria de publicidade.

O fetichismo é a miséria de publicidade. É a própria forma da separação social. Onde houver oposição entre os indivíduos e a totalidade deles, essa oposição assume a forma do fetichismo da totalidade. A oposição entre o todo e os indivíduos é feita por meio de partes do todo que parecem estar isoladas ou manter relações fantasistas com o todo e entre elas(6). A consciência iludida é o momento fundamental do fetichismo. Por ela, as coisas tornam-se o que parecem. A ausência da consciência toma a forma de consciência.


O fetichismo da mercadoria está concentrado no valor. Marx precisou das milhares de páginas do Capital para dar conta da realidade desse fetiche. É o jugo do valor que curva as frentes humanas, sejam elas burguesas, burocráticas ou proletárias. O valor é a relação de duas quantidades. O que pode ser mais fantástico que, aqui e agora, x quilos de cenouras valham y litros de vinho ou ainda z horas de cabeleireiro? O valor é aqui e agora a autonomia exorbitante da mercadoria. É perigoso roubar, saquear ou incendiar. É ainda mais perigoso nunca trabalhar! O valor exerce-se implacavelmente(7), enquanto o olhar iludido só encontra as coisas e seu preço!


No século XIX, com a oposição rematada entre a vida do indivíduo e a vida do seu gênero (em vida quotidiana de um lado e circulação automática das mercadorias do outro), todas as esperanças eram permitidas (as de Hegel e as de Marx.) Naquele estágio, as coisas eram claras: a vida quotidiana não é nada, a circulação é tudo. O nada da vida quotidiana é um momento visível do todo da circulação. O fetichismo só iludia a classe dominante e seus sicofantes. Em várias ocasiões, o proletariado lançou-se ao assalto da totalidade, e a publicidade da miséria esteve bem perto de triunfar contra a miséria de publicidade.


Hoje em dia, as coisas mudaram muito. A modernização das lutas dos oprimidos e sobretudo a não conclusão dessas lutas acarretaram a rápida modernização do fetichismo pela classe dominante e seu estado a partir de 1930. A entrada em cena do fetichismo científico foi notável: new deal, bolchevismo e nacional-socialismo ao mesmo tempo. Essa modernização consiste, essencialmente, em privar a vida quotidiana do que lhe restava: a sua negatividade, ou seja, a publicidade da sua miséria, a publicidade da sua nulidade. O segredo da miséria da vida quotidiana é o verdadeiro segredo de Estado.


O espetáculo, ou desenvolvimento científico do fetichismo, é apenas a propriedade privada dos meios de publicidade, o monopólio de estado da aparição. Com ele, só a circulação de mercadorias é pública. O espetáculo é apenas a circulação de mercadorias que absorve todos os meios de publicidade disponíveis, condenando assim a miséria à invisibilidade. O espetáculo é a forma secreta da miséria pública, onde o valor exerce-se implacavelmente enquanto o olhar iludido só encontra as coisas e seu uso.


Na publicidade imperialista da circulação de mercadorias, o valor não aparece nunca. É o espetáculo da invisibilidade do valor. Essa invisibilidade "natural" constitui a tendência fundamentalmente espetaculista da circulação, que a burguesia vai poder explorar no desenvolvimento científico do fetichismo. A circulação pode parecer uma quermesse de uso, por menos que o valor seja público de qualquer outra maneira. Uso principalmente de dinheiro, nem é preciso dizer. Compreende-se assim facilmente o fascínio do espectador confrontado quotidianamente com o valor. É o efeito do espetáculo. Ele evita toda idéia; tudo parece realizado. Ele proíbe todo reconhecimento; o miserável reconhece-se como o único miserável. O uso do dinheiro aparece por si mesmo como instrumento de abolição do valor. Cúmulo da inversão. É assim que o espírito não vem aos homens (e nem às mulheres, o que é ainda mais lamentável).


Situado nas primeiras filas, Wilhelm Reich não pôde deixar de ficar impressionado com o papel do caráter como estrutura anti-individual na magnífica encenação nazista( 8). Ele abandonou a pergunta burlesca: "Por que os operários se revoltam?" aos psicanalistas, psiquiatras, sociólogos e outros servidores do espetáculo, para colocar a questão fundamental: "Por que eles não se revoltam?"(9). Atribuiu a submissão à aniquilação do indivíduo pelo caráter. O que é pouco contestável. Necessário mas insuficiente. Afirmar que esta sociedade não tem uma tendência intrinsecamente espetaculista equivale a dizer que o espetáculo é a grande obra da única classe dominante, o que seria atribuir-lhe demasiado talento. Sabemos que a classe dominante é a primeira vítima de suas próprias ilusões. Ela segue o movimento.


Demonstramos acima a razão dessa tendência. O caráter, fora isso, é incontestavelmente real. Revela-se clinicamente. É preciso agora saber de que exatamente ele é a clínica, uma vez constatada a sua insuficiência como noção separada. Como noção separada, ele é apenas mais um fetiche.

A nossa tese é a seguinte: o quantitativo reina. Todas as relações humanas são regidas por relações de quantidades entre si; mas nem por isso elas aparecem menos como puras relações humanas; ou então, o olhar iludido só encontra as coisas e seu preço. Vimos rapidamente o efeito espetaculista espontâneo desse dado "natural" que é a invisibilidade do valor. Mesmo assim, o valor não deixa de ser vivido por cada um como a inelutável necessidade da sua vida quotidiana. Vimos que esse vivido secreto arremata a tendência espetaculista da circulação de mercadorias. O que foi que Reich detectou clinicamente e chamou de caráter? Sustentamos que é o valor como necessidade inumana e invisível em todos os demais aspectos que é apreendido por esse meio. Esse meio é, até os nossos dias, o único meio de abordagem concreto do valor como miséria secreta da individualidade. Reich descobriu assim as pistas da inconsciência, da sua miséria e das suas miseráveis instâncias repressivas, que só tiram a sua força e o seu aparato mágico do império do valor sobre a vida quotidiana. É só porque a socialização universal das relações humanas assumiu a forma única do valor, que é a negação delas, que as relações humanas autênticas, sancionadas pelo prazer, são conservadas nessa socialização, como relações naturais do homem com o homem e por isso ilícitas e clandestinas, pois toda a socialidade, toda a humanidade, está ocupada (no sentido de Lyautey) pelo valor, única socialização lícita. O que tende a escapar à lei do valor assume assim a forma do natural, ou seja, por definição, do que escapa ao domínio da humanidade.


No seu terceiro manuscrito filosófico, Marx mede a humanidade do homem, sua socialização, pelo grau de socialização da relação "imediata, natural, necessária" do homem com o homem: a relação do homem com a mulher. O valor como socialização universal, como forma única e inversa da humanidade, é também a impossibilidade da socialização dessa relação, que portanto permanece como "a mais natural", isto é, a mais contrariada pela socialidade reinante. Esse natural confunde-se, no seio da socialização universal pelo valor, com o seu grau de descalabro( 10), do mesmo modo que o grau de natural dos índios nhambiquara no seio da nossa civilização se confunde com o seu grau de extermínio. Esse grau de descalabro — psicose, neurose, caráter — como índice da não-socialização, da não-humanidade do homem, é o objeto real da psicanálise. Aquele velho sacana do Freud chegou até a identificar esse grau de natural com selvageria, e a socialização inversa pelo valor com a civilização. A psicanálise foi e será a paleontologia dessa pré-história.


Apoiamos a nossa tese, ainda puramente teórica, com a seguinte observação clínica: se, por uma causa fortuita, o caráter do indivíduo vê-se dissolvido, a forma fenomenal espetacular da totalidade é dissolvida na sua pretensão a fazer-se passar pela ausência de valor. Constatamos assim, por enquanto negativamente, uma identidade entre o caráter e o efeito de espetáculo. Que o indivíduo mergulhe na loucura, pratique a teoria ou participe de um motim(11), constatamos que os dois polos da vida quotidiana — contato com uma realidade estreita e separada por um lado e contato espetacular com a totalidade pelo outro — são abolidos simultaneamente para dar lugar à unidade da vida individual, o que Reich chamou odiosamente de genitalidade. (Nós preferimos individualidade.)

Os trabalhos de Reich são os primeiros que, desde Marx, trazem concretamente a alienação à luz. A teoria do espetáculo é a primeira que, desde Marx, se preocupa em ser uma teoria da alienação. A síntese desses dois métodos conduz a conseqüências imediatas que desenvolveremos na nossa próxima obra.


Para começar, sustentamos que a prática da teoria não se distingue da genitalidade concebida por Reich. A teoria torna-se o conhecimento permanente da miséria secreta, do segredo da miséria. Portanto, ela é também, por si só, cessação do efeito de espetáculo. Como o espetáculo é a forma secreta da miséria pública, o seu efeito cessa assim que cessa o segredo. O seu efeito reside no seu segredo. A teoria confunde-se, portanto, com a possibilidade vivida (pleonasmo, por oposição à probabilidade, vivida como dúvida ou indiferença). A teoria é a vida quando tudo é possível. Deixa de existir assim que se engana, e se vê atirada ao tédio, ao efeito de espetáculo. Portanto, quando existe, a teoria tem a certeza de não se enganar. É um sujeito vazio de erro. Nada a ilude. A totalidade é seu único objeto. A teoria conhece a miséria como secretamente pública. Conhece a publicidade secreta da miséria. Todas as esperanças lhe são permitidas. A luta de classe existe.


O espetáculo é a ausência do espírito, o caráter é a ausência da teoria.


O proletariado será visível ou não será. O proletariado reside na sua própria visibilidade. A organização do proletariado é a organização da sua visibilidade. A prática global do proletariado será a sua publicidade permanente ou nada. Hitler, os leninistas e os maoístas entenderam isso tão bem que quiseram organizar na marra a visibilidade do proletariado. O capitalismo é mais ambicioso e quer realizar a visibilidade do proletariado abolido.


A visibilidade da miséria não é por si só o proletariado. Necessária mas não suficiente, ela pode ser apenas a teoria. O proletariado exige que a visibilidade da miséria seja pública. A crítica deve ser ao mesmo tempo teoria da publicidade (da visibilidade) e publicidade (visibilidade) da teoria. O seu objeto deve garantir a sua publicidade. É quando ela é pública que ela não se engana. Ela não é a teoria da publicidade se não garantir a sua publicidade. É de fato o cúmulo do ridículo, para um teórico da publicidade, não conseguir garantir a publicidade de sua teoria.


O proletariado é a unidade finalmente realizada entre a teoria da publicidade e a publicidade da teoria.

Acreditamos que estas teses sejam superiores a tudo o que pôde dizer um Lukács sobre a consciência de classe. Elas têm a vantagem indiscutível da brevidade. Os publicitários sabem, a brevidade é primordial na publicidade — "Você tem conteúdo, ou só parece?(12)" Não se pode ser mais breve no desprezo. O que eles não podem imaginar é que ela será ainda mais breve quando houver um Strasbourg das fábricas. A visibilidade será fulgurante, tiro de revólver e nascer do sol, ou não será.

Por enquanto as nossas fórmulas podem ter só a brevidade a seu favor. Pode ser preciso introduzir nelas os conceitos "Estadão" ou "jornal" para que elas conheçam toda a sua claridade. Chegará um dia, que está próximo, em que todos os jornais da terra não conseguirão mais abafar o encontro da teoria da publicidade com a publicidade da teoria.



[NOTAS]

  1. O Instituto de Pré-História Contemporânea prepara atualmente a Enciclopédia das Aparências / Fenomenologia da Ausência do Espírito.

  2.  Ueber Charakteranalyse, em Internationale Zeitschrift für Psychoanalyse, vol. 14, pp. 180-196, 1928. Existe uma tradução francesa anônima: Sur l’analyse du caractère. Charakteranalyse. Technik und Grundlagen. Em Selbstverlag des Verfassers, Viena, 1933. Publicado em francês pela editora Présence de la libido, tradução de Michel Jacob.)Character Analysis. Farrar, Strauss and Giroux, New York, 1961.   

3. A situação crítica na qual o preço dessa resistência pode ser avaliado plenamente é o amor. É também mérito de Reich ter mostrado que a defesa caracterial contra a angústia paga-se nessa situação com a incapacidade de ternura, quel ele chama odiosamente de impotência orgástica. Nesse nível, o caráter une-se ao sintoma.  

4. Enquanto Reich considerava de maneira muito ambígua que o caráter é um impedimento ao trabalho, sustentamos que ele é um impedimento à crítica do trabalho.  

5.  O leitor pode ter reconhecido a consciência de classe. Não deve confundi-la com o espetáculo da miséria, que é a versão publicitária da publicidade da miséria.  

6. A oposição do todo aos indivíduos só se faz por meio das partes do todo, infelizmente! Quando a oposição dos indivíduos à totalidade fica "total", as coisas ficam totalmente claras.  

7. O trabalhador tem sobre o rico a mesma vantagem que o escravo sobre o senhor. O escravo conhece o medo; o trabalhador, mercadoria viva, conhece o valor.  

8.  Was ist Klassenbewusstsein? , 1934 (sob o pseudônimo de Ernst Parell). O que é a consciência de classe? Nesta pequena obra, Reich atinge o cúmulo da ingenuidade leninista. Apesar de seus protestos em contrário, ele eleva às nuvens o conhecimento histórico especializado. Encontra-se até um curioso esboço da concepção maoísta da educação como espetáculo da miséria. Massenpsychologie e Dialektischer Materialismus são marcados profundamente por uma concepção mecanicista dos instintos.Massenpsychologie des Faschismus. 1933/1934.   

9. Dialektischer Materialismus und psychoanalyse. 1929.  

10. Segundo o princípio: "O que não é superado apodrece, o que apodrece incita à superação" (Vaneigem).  

11. O ano de 1968 forneceu-nos fortuitamente um material abundante e muito diversificado.  

12. Insolente anúncio do jornal O Estado de São Paulo.



 
 
 

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